Comparações são sempre injustas com aqueles que fazem parte dela. Pelé ou Maradona? Ayrton Senna ou Michael Schumacher? Michael Jordan ou Kobe Bryant? Hortência ou Paula? André Agassi ou Pete Sampras? A definição de quem é melhor é bastante pessoal e cada analista tem seus critérios para decidir.
A comparação entre Romário e Ronaldo abrange tudo isso. Os dois são certamente os maiores craques que o Brasil produziu nos últimos anos. São goleadores. Jogaram na Europa. Voltaram ao Brasil. Foram protragonistas em títulos mundiais pela Seleção Brasileira. E também companheiros.
Tentarei aqui mostrar uma análise detalhada sobre a carreira dos dois, apesar de Ronaldo ainda estar em atividade. A análise será fria e no fim (apenas no final) mostrarei minha opinião sobre o assunto.
1. Seleção Brasileira
Romário defendeu a camisa da Seleção por 14 anos, entre 1987 e 2001 (sua despedida oficial foi em 2005, mas apenas uma partida). Foram 85 partidas e 71 gols marcados, o que lhe garante o posto de segundo maior artilheiro do Brasil, atrás apenas de Pelé. Conquistou a Copa do Mundo de 94, duas Copas América (89 e 97) e a Copa das Confederações de 97.
Vídeo 1: Maiores dribles da carreira de Ronaldo
Ronaldo foi jogador da Seleção por 12 anos, entre 1994 e 2006. Foram 97 partidas e 62 gols marcados, sendo assim o quarto maior artilheiro da história da Seleção, atrás também de Zico. Venceu duas Copas do Mundo (94 e 2002), duas Copas América (97 e 99) e uma Copa das Confederações (97), além da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 96, em Atlanta.
Os dois foram brilhantes na Seleção, mas Ronaldo leva vantagem, apesar de ter marcado menos gols. Romário sempre deixará a imagem - para mim - de que poderia ter sido maior com a camisa do Brasil. Foi cortado da Copa de 98 e sacado por Felipão do grupo de 2002. Seu mau relacionamento com Vanderlei Luxemburgo o tirou também da conquista da Copa América de 99.
A exceção de 2006, Ronaldo quase sempre foi o grande nome da Seleção desde que virou titular. Foi protagonista tanto em 98, quanto em 2002. No Mundial da Alemanha, se apresentou fora de forma, mas foi um dos mais lúcidos do time nos últimos jogos. Por causa dos problemas no joelho, não jogou na Seleção entre 2000 e 2001, o que poderia ter aumentado sua marca na equipe.
2. Europa
Os dois jogaram nos mesmos clubes, mas o futebol europeu nunca cativou Romário como encantou Ronaldo. O Baixinho defendeu PSV (HOL), Barcelona (ESP) e Valencia (ESP). Só não fez chover pelas três equipes e sempre foi artilheiro por onde passou. Marcou gols antológicos, como no chapéu em cima de Maldini e nas entortadas na zaga do Real Madrid, nos tempos de Barcelona. Mas nunca pareceu se envolver com o futebol estrangeiro.
Vídeo 2: Ronaldo, o Fenômeno
Vídeo 3: Romário, o Rei do Gol
A trajetória de Ronaldo foi diferente. O Fenômeno também iniciou sua trajetória com as camisas de PSV e Barcelona, mas também defendeu equipes como Inter de Milão (ITA), Real Madrid (ESP) e Milan (ITA). Ganhou títulos por onde passou, apesar de nunca ter vencido a Liga dos Campeões (Romário também não a ganhou).
O que pesa contra Ronaldo é o fato de ter defendido rivais tanto na Itália quanto na Espanha. As torcidas de Inter e Milan não sabem direito o que pensar sobre o camisa 9, assim como os fanáticos de Barça e Real. Fez história em todos os clubes, mas poderia ter deixado uma imagem melhor.
Já Romário é adorado por todos os torcedores do Barcelona, que sempre o colocam como um dos maiores jogadores que já vestiu a camisa barcelonista. No PSV, o Baixinho é lembrado também pelas baladas, mas muito por causa dos jogos que decidiu. No Valencia, ficou pouco tempo, mas também goza de muito prestígio.
Vídeo 4: Os 11 maiores gols de Romário
A vantagem de Ronaldo no futebol europeu é pela longevidade no Velho Continente. O Fenômeno viveu seu auge (apesar da contusão) na Europa, enquanto Romário preferiu viver no Brasil enquanto era o Melhor Jogador do Mundo.
3. Brasil
Aqui, Romário ainda é imbatível. Jogou por Vasco (clube que o revelou), Flamengo e Fluminense. Agora, vai vestir a camisa do América-RJ durante a segunda divisão do Campeonato Carioca. Sua popularidade no Rio de Janeiro é imensa. Tanto que o Baixinho é um dos maiores artilheiros do Flamengo, além de ídolo incontestável do Vasco. Dos grandes, só não defendeu o Botafogo.
Vídeo 5: Romário no Barcelona
Vídeo 6: Ronaldo no Real Madrid
Romário também teve oportunidades para jogar em outros centros. Quase foi para o Palmeiras em 2002. O Corinthians tentou contratá-lo em 2005, assim como o Santos. Mesmo não tendo jogado em nenhuma outra cidade brasileira fora o Rio, Romário é respeitado por todas as torcidas.
Este tipo de respeito é o que fez Ronaldo voltar ao futebol brasileiro. Revelado pelo Cruzeiro, o Fenômeno ensaiou uma volta ao Flamengo, mas acertou com o Corinthians. Hoje é o maior ídolo do Timão, muito por causa dos títulos paulista e da Copa do Brasil. É respeitado, mas ainda precisa comer muito feijão para chegar à idolatria de Romário.
4. Juntos
Foi sem dúvida a melhor dupla de ataque que já vi jogar, tanto com a camisa da Seleção Brasileira quanto com a de clubes. Romário e Ronaldo jogaram juntos por um pequeno período, entre o início de 97 até a Copa do Mundo de 98. O Baixinho se machucou às vésperas do torneio e o Brasil ficou desfalcado.
Vídeo 7: Os melhores momentos da dupla!
Com o camisa 9 e o camisa 11 em campo, o Brasil disputou dois torneios. Foi campeão nos dois: Copa América 97 e Copa das Confederações 97. Ambos fizeram um ataque completo, que alterna uma técnica apuradíssima e um faro de gol incrível.
Ronaldo era quem se movimentava mais, enquanto Romário ficava mais parado. Os dois tinham tudo para sacramentar a dupla com a conquista do Mundial de 98, mas uma contusão impediu o Baixinho de disputar a Copa.
A última partida dos dois juntos foi em 99, num amistoso entre Brasil e Barcelona, que terminou empatado em 2 a 2. Ronaldo marcou um dos gols, após passe de Romário. O entrosamento era o mesmo, após um ano sem jogarem juntos. Craques são diferenciados.
5. Análise
Brevemente, preferiria ter Ronaldo em meu time. É goleador, craque e se contunde menos que Romário (se contundia, pelo menos). Romário é brilhante, mas decidiu se reclusar no Rio de Janeiro, o que, em minha visão, prejudicou o crescimento de sua carreira. Dizem ter sido o maior centroavante que o mundo já viu, mas poderia ter sido ainda maior caso não insistisse em jogar até os 41 anos ou administrasse melhor sua carreira.
Na minha lembrança, Ronaldo será sempre o maior artilheiro que vi em campo.
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