terça-feira, 14 de julho de 2009

A culpa não é só deles

Não é de hoje que se fala em supervalorização de técnicos no futebol brasileiro. Com a ausência de craques (os daqui estão na Europa), o futebol nacional ficou dependente das estratégias montadas pelos professores, que, vestidos com terno e gravata ou agasalho do clube, sempre acabam levando a culpa por insucessos dos clubes. Isso é covardia.

Veja os últimos exemplos, como Vanderlei Luxemburgo, Carlos Alberto Parreira, Muricy Ramalho e Vágner Mancini. De todos, o exemplo de Parreira é o mais elucidativo. Campeão do mundo em 94, ele é ligadíssimo ao Fluminense, tanto que aceitou dirigir o time na Série C, em 99, sendo campeão do torneio em seguida. Mas o que fizeram com ele em sua última passagem foi sacanagem.

Não é que a campanha não tenha sido ruim (8 vitórias, 9 empates e 7 derrotas em 24 jogos), mas parece que o único culpado é ele. O Fluminense não é um time autônomo. Depende, e muito, da Unimed, que acaba tomando as decisões que deveriam ser da diretoria. Faz contratações caras, gasta milhões para contratar jogadores de nome, e não dá valor aos que surgem nas categorias de base ou mesmo aos que já estão lá, roendo o osso.

Adianta pagar milhões para ter Thiago Neves por 3 meses? Adianta repatriar Fred, dar-lhe o maior salário do elenco (R$ 350 mil mensais) e querer que ele resolva sozinho? E os outros, como é que ficam? Sem planejamento nenhum, o Fluminense fica perdido dentro e fora de campo. É melhor abrir o olho, antes que o rebaixamento vire realidade. A culpa disso não é do Parreira, e sim da gestão de futebol.

Mesmo problema encontrado no Santos, que faz milagres para manter Fábio Costa e Kléber Pereira, repatria Lúcio Flávio, Fabão e Léo com salários altos e não dá respaldo a Vágner Mancini. O treinador tentou se impor, mas, quando quis afastar os "problemas", foi impedido pelo presidente Marcelo Teixeira. Agora, o dirigente deve torrar mais R$ 500 mil ou R$ 600 mil para trazer Vanderlei Luxemburgo ou Muricy Ramalho.

É por isso que dinheiro não resolve as coisas se for deixado na mão de quem não sabe administrá-lo. É como dar o prêmio da Mega-Sena na mão de um macaco: vira desastre total. Santos e Fluminense mostraram que não sabem valorizar o dinheiro que investem em seu time. O Flamengo também não sabe (paga R$ 360 mil para um descompromissado Adriano). Por isso, seguirão batendo cabeças antes de acertar a mão.

O segredo não é dinheiro. É bem mais simples que isso. É planejamento.

FOTO: RICARDO CASSIANO (LANCENET!)

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